segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Livro: The Mortal Instruments - Book One: City of Bones

Sinopse: Quando Clary decide ir a Nova York para se divertir, nunca poderia imaginar que testemunharia um assassinato - muito menos um assassinato cometido por três adolescentes cobertos por tatuagens enigmátcias e brandindo armas bizarras. Clary sabe que deve chamar a polícia, mas é difícil explicar um assassinato quando o corpo desaparece e os assassinos são invisíveis para todos, menos para ela. Tão surpresa quanto assustada, Clary aceita ouvir o que os jovens têm a dizer. Uma tribo de guerreiros secreta dedicada a libertar a terra de demônios, os Caçadores das Sombras têm uma missão no mundo, e Clary pode já estar mais envolvida na história do que gostaria. 


Livro: City of Bones
Série: The Mortal Instruments (v. 01)
Autora: Cassandra Clare
Editora: Simon & Schuster
Idioma: Inglês
Nº de páginas: 496
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Em português: Cidade dos Ossos
Série: Os Instrumentos Mortais (v. 01)
Editora: Galera Record
Tradutora: Rita Sussekind
Nº de páginas: 462


Relutei um pouco para começar a ler a série literária Os Instrumentos Mortais porque ando com problemas de relacionamento com o gênero ‘young adult’ (a literatura juvenil). Ao mesmo tempo em que eu adoro os temas da maioria dos YA (vampiros, anjos, lobisomens, enfim, o fantástico e sobrenatural) a qualidade dos autores não é das melhores. Sem falar nos desenvolvimentos piegas e sempre iguais. Você até pode achar que são originais, mas no fundo é sempre mais do mesmo. Isso acaba cansando depois de algum tempo. A superexposição do sobrenatural também não ajuda nem um pouquinho. A sensação que eu tenho é que ninguém mais consegue pensar além da caverna, está todo mundo preso num processo formulaico, igual receita de bolo.

Por isso mesmo relutei em ler Cidade dos Ossos, a despeito da propaganda maciça que a editora fez no twitter. Só me rendi quando li os comentários empolgados (também no twitter) da Pâm, do site Garota It, que estava lendo Cidade de Vidro (o 3º livro da série e o mais recente lançado no Brasil). E fico feliz em dizer que não me arrependi. Cidade dos Ossos pode não ser 100% original, mas pelo menos é bem escrito, o que sempre é uma agradável surpresa nos livros do gênero.

Eu li o livro em inglês, no computador mesmo, mas quero comprar em português tão logo possível. Se os próximos livros da série forem tão bons quanto o primeiro, valerá a pena tê-los na estante.

Em Cidade dos Ossos nós conhecemos a protagonista, Clary Fray, que se vê subitamente no meio de um mundo que até então desconhecia, embora sempre estivesse ao seu lado. Com o sumiço de sua mãe, provavelmente capturada por um sujeito chamado Valentine, Clary descobre a existência de demônios, warlocks, fadas, vampiros, lobisomens e afins. E também descobre que é parte Shadowhunter, um grupo de humanos (também conhecidos como Nephilins) criados especialmente para eliminar os demônios do nosso plano de existência.

Como Clary não sabe nada de coisa alguma e nós também não, vamos descobrindo juntamente com a garota sobre os Shadowhunters, os Downworlders, os Demônios e tudo o que envolve esse povo que não é simplesmente humano, mas não necessariamente mau. E também vamos ao lado dela investigando sobre o levante que houve 16 anos atrás e que culminou na suposta destruição de Valentine e no sumiço da taça que permite serem criados novos Shadowhunters.

O melhor é que o livro é escrito em terceira pessoa – apesar do foco ser principalmente Clary. Esse sempre foi um dos maiores defeitos dos YA: serem escritos quase todos em primeira pessoa, o que acaba limitando as histórias e cansa depois de um tempo (e não posso deixar de achar meio pobre e preguiçoso – com raríssimas exceções – textos escritos em primeira pessoa).

As personagens em Cidade dos Ossos têm aquelas características que todo mundo conhece, mas sem se tornarem chatos ou maçantes. Clary é linda e talentosa, embora se ache comum, Simon é o melhor amigo, apaixonado por Clary e simplesmente humano, mas dono de um coração de ouro e personalidade cativante (sim, eu amo Simon), Jace é o típico ‘mocinho’ de YA: bonito, interessado na protagonista, sarcástico, um trauma no passado, sentimentos obscuros etc, mas é um rapaz legal e, embora esteja longe de ser um dos meus preferidos, eu não o odeio....só não quero que fique com Clary, porque isso é tão previsível que dói só de pensar.

Alec é o mais velho do grupo, apaixonado por Jace e fadado a viver na sombra, já que o conselho dos Shadowhunters (não sei o nome em português) não é lá muito favorável a homossexuais entre eles. Eu o adoro e sofro com o seu sofrimento, uma tristeza só. E Alec é irmão de Isabelle, a bela. Isabelle é linda, sabe disso e está acostumada a ser o centro das atenções, mas não a acho irritante ou superficial, muito pelo contrário.

Os adultos...bem, os adultos escondem um segredo cada um e embora não sejam o foco do livro, não são esquecidos ou mal desenvolvidos. Ou quase isso. Acho que, no fundo, Cassandra poderia ter deixado o povo um pouco mais na zona cinzenta. Embora não dê para ter certeza do caráter de cada um, tenho a sensação de que em certo ponto a autora escorregou a mão e lançou impressões fortes demais sobre eles, jogando-os inadvertidamente para a zona branca ou negra e isso faz com que percam um pouco da graça.

Creio que do livro inteiro apenas uma parte ficou um pouco fria. Foi o confronto com Valentine. O que acontecia ali era da maior importância, algo que mudará os personagens para todo o sempre, e mesmo assim eu não consegui me conectar. Faltou algo, só não sei o quê. Eu lia a cena e via autômatos e não os personagens que eu aprendi a amar ao longo das mais de 400 páginas. Faltou empatia à cena, o que é uma pena.

Mas não chegou a estragar o livro e continuo na maior ansiedade para ler os próximos. Ainda mais agora que andei lendo alguns spoilers...

E por falar em spoiler, preciso fazer um comentário sobre Jace. Mas como é spoiler dos grandes, deixo-vos avisados.
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A autora nos surpreende ao revelar bombasticamente que Jace é na verdade o irmão mais velho de Clary. E lá se foi o par romântico principal da história. Achei a atitude super corajosa e adorei a ideia. E não é nem porque sou fã de incesto, mas porque eu realmente não quero Jace e Clary juntos. Mas tenho cá comigo que isso não é duradouro e que em algum momento essa revelação será refutada. Não é comum eu tirar a sorte grande e o casal que eu não torço realmente não ficar junto.





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