terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Livro: No Mercy

Sinopse: Viva rápido, lute com afinco - e se você tiver que morrer, leve contigo tantos quantos inimigos conseguir. Este é o modo de pensar das Amazonas e é por ele que Samia sempre viveu e morreu. Mas hoje, na Nova Orleans contemporânea, a  guerreira imortal Amazona está para aprender que há males piores vindo para destruir a humanidade do que ela jamais imaginou.
Conheça Dev Peltier. Um shapshifter que tem mantido guarda na porta do Santuário por quase dois séculos, já viu de tudo - ou assim ele pensava. Seus inimigos descobriram uma nova fonte de poder que faz tudo o que já enfrentaram até agora parecer brincadeira. Agora a guerra está em andamento e cabem a Dev e Samia fazer algo a respeito. Mas para vencerem eles terão que quebrar as regras e torcer para que isso não prejudique o universo como nós o conhecemos...

Livro: No Mercy
Autora: Sherrilyn Kenyon
Editora: St. Martin
Páginas: 367

Eu sou fã de Sherrilyn Kenyon e sua saga dos Dark-Hunters (Were-Hunters e Dream-Hunters) há anos e já li todos os livros que saíram sobre eles, inclusive as antologias. Quero dizer, ainda há alguns que não li, mas já estão me aguardando aqui, pois vem depois de No Mercy na cronologia da série.

Ler tantos livros de um mesmo universo é uma vantagem, pois você passa a conhecer os personagens melhor do que em qualquer livro, sem falar no passado e futuro dos acontecimentos. Por outro lado, quando se lê inúmeros (e por inúmeros eu falo em mais de 25) livros de  uma mesma autora, você acaba cansando um pouco de certas coisas que ela insiste em fazer com seus personagens.

A série Dark-Hunter sempre traz livros fechados em si mesmos, mas que o conhecimento prévio do universo ajuda a entender melhor a história. O problema está na fórmula que Kenyon usa em todos os seus livros: homem durão conhece mulher durona (um dos dois extremamente machucados psicologicamente, se não os dois) e eles se apaixonam loucamente e vivem alguma aventura maluca porque algum inimigo quer derrotá-los e as vezes eles nem sabem muito bem o motivo. Os dois sempre terminam juntos, embora aqui o que importa mesmo é o meio do caminho.

Cansa um pouco essa inevitabilidade nos livros. Sem falar que ela abusa de certas cenas...eu já não aguento mais ver o cara ficar excitado cada vez que olha a mulher, mesmo que o momento seja o mais esdrúxulo, ou que ela só pense em despi-lo não importa a situação. E a mania que ela tem de fazer o casal do livro ser o único amor um do outro em toda a vida....embora eles tenham centenas de anos (alguns tem até milênios), parece-me tão irreal e fantasiosa que me irrita.

Em No Mercy ela pelo menos faz de Samia uma heroína um pouco diferente e a pessoa que amou enquanto viva foi realmente amor de verdade (ela é uma dark-hunter e ao morrer vendeu sua alma para Artemis em troca da chance de vingar a morte do marido e da filha). Isso é meio incomum nos livros de Kenyon. Geralmente quando encontram a personagem do livro a outra parte percebe que aquele(a) que amou tanto no passado era só uma pálida sensação perto do amor avassalador que sente pelo(a) parceiro(a) no presente.

Seja como for, por mais que eu me incomode com os clichés dos casais dos livros (e aqui não sei se é porque são cenas realmente clichés, ou se é porque já li tantos livros dela que tenho a sensação de ler sempre a mesma coisa, as mesmas frases, as mesmas personalidades irritadiças e sarcásticas), o fundo aventuresco dos livros é muito bom. A forma como a autora mescla as mitologias, os inimigos que surgem a cada livro (e alguns nem tem inimigos novos, só velhos inimigos que não foram derrotados e que revisitam a história) são por si só interessantes o suficiente. 

Acho que se ela conseguisse mudar  um pouco o seu estilo formulaico nas histórias dos casais, os livros só teriam a  ganhar. Porque, sinceramente, enquanto o caso amoroso é óbvio do início ao fim, os acontecimentos dos livros, as guerras travadas, os inimigos que encontram, são sempre diferentes e surpreendentes. Você nunca sabe como a história se desenvolverá, quem realmente é o inimigo, o que os deuses estão escondendo, quais os personagens aparecerão, e principalmente, como a batalha se resolverá. Sim, você sabe que mocinho e mocinha terminarão o livro juntos e felizes, mas o que será feito do inimigo, só lendo mesmo para saber. E esta é a grande vantagem dos livros de Kenyon.

No Mercy, especificamente, peca no seu pano de fundo. É o primeiro livro da série que eu achei confuso e desnecessárias algumas tramas. Toda a história de Lazarus foi fraca, a forma como ele entrou em conchavo com as três irmãs do Destino (Moiras?) foi meio irreal. Se qualquer um conseguisse influenciá-las, elas não seriam assim tão temidas e odiadas.

Thorn não mostrou a quê veio (não é misterioso como era Acheron ou Savitar, é simplesmente apático) e todo o rapto de Samia e mesmo perseguição de Stryker à Amazona foi resolvido de uma forma tão simples e comum que me pergunto se era mesmo necessário. A sensação que eu tive foi que todo mundo fez uma tempestade em copo d'água. E desde quando os Dark-Hunters conseguem ficar juntos em um mesmo lugar sem terem seus poderes drenados?

E Acheron apareceu tão pouco....e fez menos ainda. Qualquer livro que Acheron apareça quase nada não pode ser perfeito.

O legal é que Kenyon está construindo a situação de Nick (quem é ele na verdade) com calma e segurança. Mas acho que está na hora das histórias tomarem novos rumos, porque os Dark-Hunter e Were-Hunter já deram o que tinha que dar. O que eu quero agora é saber de Savitar, dos deuses, dos titãs e do povo do alto escalão.

Mas No Mercy não é ruim, ele é apenas inferior aos outros livros da série. Senti um certo cansaço da autora, uma espécie de preguiça de fazer coisas que realmente valessem a pena. Foi como se tudo tivesse sido escrito para avançar alguns pontos na história de Stryker, Medea, Thorn e Nick. Como se Dev e Sam não tivessem um lugar real na história, só fossem coadjuvantes de suas próprias aventuras, pois o que importava ali não eram eles.

Agora quero ler logo Retribution. Uma pena que não tenha saído ainda em paperback. O próximo, The Guardian, já saiu, já comprei, e nada de paperback de Retribution.

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