quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Review: Doctor Who - The Power of Three (7x04) e The Angels Take Manhattan (7x05)



Série: Doctor Who
Episodio: The Power of Three e The Angels Take Manhattan
Temporada:
Nº do episódio: 7x04 e 7x05      
Data de Exibição: 22/09/2012 e 29/09/2012
Roteiro: Steven Moffat
Direção: Nick Hurran/Saul Metzstein

Para nós foram 2 anos e 5 meses, para os Ponds 10 anos, e para o Doutor foram alguns pingados aqui e acolá em 300 anos de sua vida. Ainda assim Amy e Rory deixaram suas marcas tanto na vida dos fãs quanto na do Doutor.

É curioso que eu tenha aprendido a gostar de Amy apenas nesta última temporada. Talvez porque ela finalmente amadureceu e só agora eu consegui perceber que muito do que eu não gostava na personagem (além da interpretação mequetrefe de Karen lá nos primórdios) era justamente a sua imaturidade. Mas Amy finalmente alcançou o seu auge e foi então que precisamos nos despedir.

Não há como negar que esta temporada (com exceção de A Town Called Mercy) foi dedicada aos Ponds. Incrível como eles conseguiram fazer parte da vida do Doutor por tanto tempo. Foi apenas um risquinho de tempo na existência dele, mas mesmo assim é mais do que eu estou acostumada.

O que me incomoda é esta mania de todo mundo dizer que ele não deve ficar sozinho, que quando Amy e Rory partirem ele deve encontrar outro companion....ora essa, ele viveu 300 anos desde que conheceu a pequena Amelia Pond! Ninguém vai conseguir me convencer que durante esse tempo todo ele ficou completamente sozinho apenas indo e voltando bem esporadicamente na vida dela. Esse não é o perfil dele! Pode ser que Moffat tenha esquecido que ao acrescentar vários anos (séculos!) à existência do Doutor isso implicaria em inúmeras aventuras fora das telas, mas não há como alguém de bom senso acreditar que o Doutor não acabaria recolhendo algum humano perdido por aí  (ou vários) em tantos anos.

Deixando isso de lado, gostei bastante da forma como tivemos a oportunidade de imergir na vida dos Ponds em The Power of Three. É até estranho dizer que as partes que mais gostei do episódio foram justamente as com Amy e Rory, mas essa é a verdade. O Doutor estava muito caricato para o meu gosto pessoal e despreocupado demais com algo tão sério quanto cubos aparecendo do nada na Terra. Inclusive preciso dizer (sim, é uma necessidade) que achei os cubos patéticos quando finalmente foram ativados. Eram uma espécie de Toclafanes sem o mesmo charme. E tinham tanto potencial...

Por outro lado o episódio nos apresentou Kate Stewart, de quem eu gostei logo de cara. E é claro que ela ser neta do Brigadeiro fez tudo ainda mais emocionante. Foi muito legal a forma como o Doutor deduziu quem era a mulher. Mas, se eu estivesse no lugar de Kate, teria ficado bem decepcionada com o Doutor, tão diferente daquele que aprendi a admirar com as histórias do meu avô... porque venhamos e convenhamos, o Doutor não fez lá muita coisa e aquele final foi a coisa mais ridícula já vista. Com o tempo que demorou para o Doutor agir, a população que ressuscitou voltaria praticamente um vegetal.

Mas como eu já disse, o que fez desse episódio memorável não foi o Doutor e sim Rory e Amy. É claro que estavam nos preparando para a grande despedida, mas foi particularmente especial podermos olhar para a vida deles e ver o quanto gostavam de ser apenas um casal normal, com suas vidas, e que eles podiam ser felizes com ou sem o Doutor ao lado deles.

Mesmo assim, partiu meu coração ver a despedida definitiva em The Angels Take Manhattan. O que é mais importante aqui é que Amy escolheu deixar o Doutor e continuar ao lado de Rory, que era, afinal, o homem que ela amava. A forma como o amor dos dois foi sendo construído ao longo das temporadas foi belíssima e muito crível. Não dá para culpar nenhum dos dois por qualquer escolha que tenham feito nesse episódio. A cena em que Rory decide morrer (de novo) para garantir que ao final vivesse (ou simplesmente impedir a si mesmo de passar uma vida inteira trancado em um quarto longe dela) e que diz a Amy que a jogaria do prédio se isso fosse o melhor para a esposa me levou às lágrimas, assim como a decisão de Amy de se jogar com ele, porque se fosse para morrer, que morressem os dois juntos.

Tudo bem que a história da Estátua da Liberdade foi absurda (não dá para crer que ninguém estivesse olhando para aquela coisa gigantesca em algum momento), assim como eu acho absurdo os anjos estarem sorridentes ou plácidos quando os vemos pela primeira vez, e na primeira piscada eles já ficam com aquela cara horrenda.

Mesmo assim os anjos foram bem utilizados por Moffat. É verdade que a cada vez que eles aparecem um pouco daquela magia de Blink se esvai, mas essa foi a primeira vez pós Blink que os anjos me deixaram de fato assustada em alguns momentos. Não sei se gosto da ideia deles providencialmente adquirirem esta capacidade de possuírem estátuas (como era antes tinha mais impacto, assustava muito mais e ainda havia a história da impressão do anjo na mente, na TV, na retina ou em qualquer outro lugar), mas agora a coisa já aconteceu, então ela existe para o melhor ou o pior.

Outra boa ideia do roteiro foi fazer de River a escritora do livro. Não sei por que Amy escreveu o seu recado ao Doutor na última página, já que sabia que ele iria rasgar e jogar fora, mas tudo bem, eu a perdoo. E não é que o livro será lançado pela BBC? Esse povo não perde tempo.

É sempre bom ver a interação de River com o restante do povo, em especial o Doutor. Não há a menor dúvida de que esses dois são marido e mulher e tem se encontrado bastante ao longo dos anos. Não deixa de me surpreender o quanto ela se intrometeu na vida dele e conquistou seu espaço, mesmo ele já sabendo do seu final trágico e, eu tenho certeza, tentando não se envolver. Mas simplesmente não foi possível, o Doutor e River aconteceram e pronto, quer ele quisesse ou não.

O que eu não entendo é o porquê de River poder voltar e falar com os pais e não poder levá-los de volta ao tempo real de cada um.  Não é como se fosse impossível para ela viajar com eles de carona. Isso nem mesmo influenciaria no ponto fixo (morte), pois era apenas deixá-los para morrer e serem enterrados naquele cemitério antes daquela data (ou mesmo levá-los para serem enterrados ali após a morte em outro ponto qualquer). Não entendo nem o motivo do Doutor não poder voltar (tudo bem, 1938 é um ponto fixo, não pode haver mais um paradoxo ali e tal, mas há vários outros anos e outros lugares onde ele poderia aportar).

Pergunto-me se o Doutor voltou a Brian e explicou onde o seu filho e a nora foram parar... A propósito, Brian conhece a neta?

No entanto, o que realmente importa é que Amy e Rory se foram e desta vez para sempre. É isso o que mais me dói. Não o fato de terem escolhido deixar o Doutor, isso seria necessário em certo ponto, mas sim o deixarem conscientemente sabendo que nunca voltariam. No final das contas, Martha Jones foi a única que conseguiu dizer “até outro dia, não o acompanharei mais, não faço parte da sua vida, mas quando quiser dar um olá, estou por aqui, vivendo a vida que eu escolhi e sendo feliz” sem ser obrigada pelos acontecimentos. Bom, ela e River, que o acompanhará sempre que ele quiser, mas não definitivamente.

No frigir dos ovos, sentirei muita falta dos Ponds, em especial de Rory, que cresceu incrivelmente como personagem e como pessoa, criando raízes e fazendo história. Mas fico feliz por estarmos abrindo espaço para uma nova era. Foi dolorido, mas os Ponds definitivamente viraram os Williams. 





PS: Recomendo a todos lerem os comentários do !3Bruno no post do episódio A Town Called Mercy, pois explica muita coisa sobre a bagunça cronológica que foi esta temporada. Como eu andei meio ausente (a vida está corrida demais, povo!) acabei lendo o que ele falou só hoje e se fosse tentar teorizar sobre o assunto acabaria ficando uma cópia deslavada. Então, passem por lá e leiam direto da fonte.

3 comentários:

!3runo disse...

Ola Mica, parabéns pelo novo trabalho! E agradeço as palavras gentis sobre minha humilde contribuição ao seu review anterior.

Achei muito fofo duas cenas, o Doutor "se arrumando" para encontrar a esposa, e quando ele "conserta" a mão dela, usando energia de regeneração. Meiguissimo! Pareciam mesmo um casal!

Sobre Rory e Amy, fiquei triste apenas por Rory não ter tido a oportunidade de se despedir de sua filha. Também fiquei imaginando se o Doutor vai contar a Brian o que houve.

Quanto a Amy e o livro, bem, pareceu-me que ela seguiu os dois conselhos de River. Não demonstrar fraqueza e não deixar ele vê-la envelhecer. A dedicatória do livro pareceu-me exatamente o fechamento dessas duas coisas.

Encerrou-se também o ciclo de River, agora Professor River, ou seja, está próximo (para ela) os eventos de SILENCE OF THE LIBRARY.

Mesmo após quase duas semanas ainda estou sentindo a despedida dos Ponds. Tá certo que Oswin ganhou todos em sua participação no Asylum, mas esperar até o fim de dezembro é maldade.

Beijos e obrigado por compartilhar conosco suas impressões de DOCTOR WHO

!3runo disse...

E *eu* tanto reclamei que a BBC liberou um sketch do que seria a cena de Brian recebendo a noticia de que Rory e Amy não voltariam. Tocante...

http://www.youtube.com/watch?v=XWU6XL9xI4k

PS Não vai fazer review de THE SNOWMEN?

Mica disse...

Olha, para ser bem sincera, eu fui deixando o tempo passar, e quando percebi tinha passado tempo demais. Eu sou muito ruim de memória e se não escrever logo eu esqueço o que eu vi ou senti. E se rever para escrever, a resenha sai viciada :(

Lembro desse sketch (postei sobre ele em algum lugar, não lembro onde). Achei bem tocante...a carta do Rory...o neto...olha eu aqui revendo o vídeo e quase chorando...
Sempre me perguntei porque Rory e Amy não foram para outra cidade/estado/país e deixaram alguma mensagem para o Doutor os pegar lá, já que NY estava fora das possibilidades dele.

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