domingo, 23 de dezembro de 2012

Desafio Literário 2012: Deuses Americanos [American Gods]

Livro: Deuses Americanos
Autor: Neil Gaiman
Tradução: Ana Ban
Editora: Conrad
Nº páginas: 447

Terminei de ler Deuses Americanos há dois meses. Era minha leitura para o desafio literário de setembro e, obviamente, eu não consegui terminar a tempo. Como acabei só em outubro (ou início de novembro, não lembro mais), o prazo para a resenha já tinha passado e, no espírito do DL eu precisava fazê-la e enviá-la pelo menos antes do encerramento do ano. Por isso posterguei (algo que costumo fazer mais vezes do que é saudável), o que foi um erro sem tamanho. Agora não lembro lhufas do que eu queria dizer. Na verdade, acho que quem viu o meu vídeo "O que eu andei lendo - 07.11.2012" terá uma ideia mais apropriada do que eu realmente senti lendo o livro.

Minha relação com Neil Gaiman sempre foi meio complicada. Eu o acho um gênio. A forma como ele pesquisa e se preocupa em dar o melhor para o leitor é algo que me deixa bastante emocionada. Ele tem ideias brilhantes, diferentes e o leitor pode ter certeza que não ficará no lugar-comum enquanto lê algo do autor. Seus roteiros para o cinema e para a tv também tem esse toque primoroso, cheio de cuidados e carinho pelo público, sem falar naquele ar meio lúdico das histórias que ele cria.

Deuses Americanos é assim: um trabalho muito bem feito, com inúmeros personagens e cada qual com suas característica própria sem que elas se misturem ao longo das mais de 400 páginas de livro. O problema principal é que o leitor precisa ter uma atenção gigantesca para não se perder no meio de tanta gente que ele apresenta e de tantas histórias paralelas, ao ponto de você mal saber qual é a que estava seguindo inicialmente. Isso sem mencionar os detalhes... Neil Gaiman se atém a eles, ou melhor, os detalhes tem geralmente uma importância vital e se o leitor deixa passar ficará a ver navios mais para a frente. Agora me digam, como lembrar dos famigerados detalhes? Passados dois meses não consigo nem lembrar o nome dos personagens, quem dirá das minúcias!!!!

Uma coisa que é preciso deixar claro é que Neil Gaiman usa as palavras muito bem. Ele sabe o que faz, conhece da língua com a qual escreve e isso é muito bom. O caso é que ele tem uns jogos de palavras que me confundem e, no frigir dos ovos, percebi que toda vez que tento ler seus livros em inglês acabo empacada. Essa não foi exceção.

Comprei American Gods em fevereiro já pensando no Desafio Literário de setembro. E comecei a ler lá no início do ano mesmo. Mas e quem disse que o negócio foi adiante? Chegou julho e eu ainda estava na página 196 (era um pocket com mais de 500 páginas) e a leitura não rendia. Eu lia, lia, lia e não saía do lugar. Foi mais ou menos por isso que eu dei a mão à palmatória e comprei a versão em português. E, é claro, porque achei uma promoção. Esses livros do Neil Gaiman são absurdamente caros e só dá para comprar em promoção. Inclusive, comprei Lugar Nenhum agora em outra promoção, porque normalmente está mais de R$ 60,00...estou só esperando chegar, super ansiosa (não tem jeito...Gaiman é aquele autor que eu odeio amar, não consigo resistir).

Ler em português foi bem mais tranquilo (embora eu tenha ciência que na tradução, por melhor que seja, perde-se um pouco do brilhantismo da escrita do original), mas ainda assim o livro me venceu. Não consegui terminar o bendito dentro do prazo mensal do desafio e isso não me deixou muito feliz.

A história do livro é simples e ao mesmo tempo bem intrincada. Imagine como seria se os deuses (de todas as mitologias) vivessem aqui conosco, bastando apenas que as pessoas cressem neles para que existissem.

A América (mais precisamente os Estados Unidos, que é onde a história se passa) tem uma miríade de velhas crenças, já que é um continente que foi colonizado por diversos povos diferentes e cada qual com sua bagagem.

Deuses Americanos nos traz Shadow como personagem principal. Ele é um cara comum, mas nem tanto assim. Por algum motivo ele desperta o interesse de Wednesday (que fica claro que é um deus, mas só bem depois descobrimos qual), que o contrata como guarda-costas. Shadow se vê envolvido no meio de uma batalha mortal entre os deuses antigos e os novos deuses criados pelos tempos atuais: a tv, internet, cinema, eletrônicos, a tecnologia em si, e demoramos um pouco (pouco!? eu diria muito!) para sabermos qual o papel de Shadow nesta história toda. 

O trunfo do livro é que Shadow é um personagem legal de seguir. Ele tem seus erros e defeitos, mas tem uma firmeza de caráter que nos permite ter identificação e nos importarmos com ele. O difícil é conseguir conectar todas as histórias. Tem coisas que acontecem que parecem tão sem sentido e tão fora de lugar que era inevitável a cara de 'o que raios esse homem está escrevendo!?' enquanto eu lia.

Mas é como eu disse, nada está ali por acaso e os detalhes tem importância. Aquela cena totalmente fora de contexto teria uma relevância sem tamanho para os acontecimentos mais à frente. Só é preciso o leitor lembrar dela, já que a bendita aconteceu a mais ou menos 300 páginas atrás... E é assim o livro inteiro. As pessoas não estão ali por acaso, os nomes devem ser lembrados, as minúcias precisam ser gravadas na memória do leitor. Sintam-se avisados.

Para finalizar, permitam-se reproduzir um parágrafo que chamou minha atenção e que me fez pensar um tantinho em algumas coisas em relação a nós, pobres mortais e pecadores que somos:

"Nem sempre nos lembramos das coisas que depõem contra nós. Justificamos, nós as cobrimos com mentiras claras ou com a poeira espessa  do esquecimento".

É isso aí. Até a próxima.

***
Desafio Literário 2012
Minha lista de livros para o DL

2 comentários:

!3runo disse...

Gailman não é aquele roteirista de Doctor Who?

Mica disse...

Olha eu respondendo só 20 anos depois....
Sim, Neil Gaiman escreveu o episódio da Idris/TARDIS e também o episódio que passará na próxima semana.

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