sábado, 29 de dezembro de 2012

Desafio Literário: Poesias [Fernando Pessoa]

Livro: Poesias
Autor: Fernando Pessoa
Seleção de Sueli Barros Cassal
Editora: L&PM Pocket
Nº Páginas: 134

É com Poesias que termina o Desafio Literário de 2012. De todos os temas, com certeza o de dezembro foi o mais complicado para mim. Não sou uma leitora de poesias, nunca fui, sinto-me confusa quando tento compreender a lógica dos poetas. É uma dificuldade que tenho desde pequena...olho para a simétrica da coisa e não consigo enxergar a cadência correta. Leio tudo sem a entonação necessária o que torna as palavras sem sentido.

Mas em nome do DL eu fiz um esforço e me dediquei ao máximo. Tentei encontrar o sentido oculto nas palavras e o ritmo correto de leitura. Não posso dizer que tenha sido completamente bem sucedida, mas também não fui um total fracasso.

Escolhi Poesias, do Fernando Pessoa, por um motivo bem simples: estava barato. Além do mais, tinha visto recentemente um vídeo da Tatiana Feltrin falando sobre a biografia do Fernando Pessoa (até comentei sobre este vídeo quando resenhei As Esganadas) e pensei 'Por que não? Se for para ler poesia, que seja com um poeta que é reconhecidamente bom, quem sabe assim a coisa dá certo'.

Poesias é a reunião de algumas das mais célebres criações de Fernando Pessoa (ou pelo menos é o que diz a capa do livro). Foram selecionadas poesias do própria Pessoa, assim como de alguns de seus heterônimos (como Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis). É estranho como até eu, que entendo lhufas de poesias, consegui enxergar a diferença no estilo de cada um deles e, sem dúvida alguma, Álvaro de Campos foi aquele com o qual eu menos me identifiquei. Sua poesia é muito longa e depressiva. Imagino que deva ter quem ame, mas eu não me  incluo entre eles.

As que eu mais gostei (e entendi) foram realmente as assinadas como Fernando Pessoa. E fiquei até surpresa em ver algumas das frases mais faladas hoje em dia em qualquer esquina como sendo obra dele ("Tudo vale a pena se a alma não é pequena", por exemplo).

E com aquela que foi a poesia que mais me tocou, termino o meu caminho nesse Desafio Literário. O primeiro que participei, mas que me oportunizou conhecer tantas coisas novas que jamais teria experimentado se não fosse ele.

Hoje que a tarde é calma e o céu tranquilo,
E a noite chega sem que eu saiba bem,
Quero considerar-me e ver aquilo
Que sou, e o que sou o que é que tem.

Olho por todo o meu passado e vejo
Que fui quem foi aquilo em torno meu,
Salvo o que o vago e incógnito desejo
De ser eu mesmo de meu ser me deu.

Como a páginas já relidas, vergo
Minha atenção sobre quem fui de mim,
E nada de verdade em mim albergo
Salvo uma ânsia sem princípio ou fim.

Como alguém distraído na viagem,
Segui por dois caminhos par a par.
Fui com o mundo, parte da paisagem;
Comigo fui, sem ver nem recordar.

Chegado aqui, onde hoje estou, conheço
Que sou diverso no que informe estou.
No meu próprio caminho me atravesso.
Não conheço quem fui no que hoje sou.

Serei eu, porque nada é impossível,
Vários trazidos de outros mundos, e
No mesmo ponto espacial sensível
Que sou eu, sendo eu por 'star aqui?

Serei eu, porque todo o pensamento
Podendo conceber, bem pode ser,
Um dilatado e murmúrio momento,
De tempos-seres de quem sou o viver?

***

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