sábado, 5 de janeiro de 2013

Filme: The Fall

Resolvi assistir The Fall sem saber muito bem sobre o que era o filme. Há alguns meses eu via imagens no tumblr e ficava encantada com as cores (pois é, eu sou atraída por cores, em especial as fortes e contrastantes). As poucas opiniões que colhi sobre o filme eram as mais variadas "melhor filme que eu já vi!!" , "belo, mas chatíssimo" e por aí vai.

Como não dá para ficar fugindo das coisas baseada no gosto alheio, dei a cara para bater e assisti. Não me arrependi. O filme me deixou uma impressão bem profunda e creio que será difícil esquecê-lo tão cedo.

A história em si é até bem simples, mas intensa. Já a parte técnica é estupenda. A qualidade interpretativa dos atores, em especial Lee Pace e a garota Catinga Untaru, a direção segura e ao mesmo tempo arriscada de Tarsem Singh, a fotografia belíssima e as cores (ah, sim, as cores)...

O filme é nitidamente dividido em duas esferas diferentes, mas que se mesclam ao longo de quase duas horas. Na realidade, que se passa em um hospital, está Roy, um dublê que se machucou em uma cena e perdeu a mobilidade das pernas ao mesmo tempo que teve seu coração partido pela ex-namorada, levando-o a desejar a morte, mas sem ter os meios de consegui-la. É quando conhece a pequena Alexandria, uma imigrante romena que está internada com o braço quebrado devido a uma queda.

O interessante do relacionamento dos dois é que Roy nitidamente quer morrer e decide usar Alexandria para consumar o suicídio. Para convencer a menina, passa a contar uma história e, ao mesmo tempo que ganha a confiança e o carinho da garota, ele a manipula para que o ajude a se matar, enquanto sutilmente explica suas razões para o que está fazendo.

Na outra esfera do filme, a fantasia, está a historia contada por Roy à Alexandria, obviamente vista por nós pela ótica da imaginação da garota. Como ela é muito jovem - e ao contrário das crianças de hoje em dia, não teve acesso ao cinema - sua imaginação era completamente livre. Eis o motivo das cores exuberantes, dos animais exóticos tais como o elefante que nadava em águas no meio de deserto, os flamingos, o macaco, da vastidão do deserto ou ainda dos rostos conhecidos por ela para interpretar os personagens (como o indiano, o escravo, o místico...).

A história de Roy vai se alterando a medida que seu humor se altera e também recebe pinceladas da própria mente inquisitiva da garota, que muitas vezes força Roy a mudar o rumo dos acontecimentos com suas perguntas e atitudes que, ela nem sabe, mas acabam influenciando o novo amigo inclusive na sua realidade.

Imagino que o filme tenha inúmeros simbolismos, mas não sou muito boa na arte da percepção, ou seja, eles me escaparam miseravelmente. No entanto não há como não notar que alguma coisa há por trás das conversas de Darwin com o macaco, com o elefante que nada, a própria escolha de cores entre outras que vão aparecendo no percurso. Infelizmente, como eu disse, a simbologia não é o meu forte e eu geralmente só consigo captar aquilo que estão gritando na minha frente.

Acredito que as opiniões tão díspares sobre o filme tenha a ver com o ritmo da história. É um filme lento, onde as coisas vão acontecendo aos poucos e o forte apelo visual não está ali de graça. Sem falar que durante todo o tempo há uma forte sensação de tragédia no ar, de desespero e desesperança. Afinal, Roy quer se matar e está usando uma criança e sua inocência para isso. 

Ainda assim, ou talvez por isso, o filme é bastante emocional, em especial no final. E é aqui que a atuação de Lee Pace e da pequena Catinca faz toda a diferença, bem como o laço que aos poucos foi unindo os atores.

Vi uma entrevista com Lee Pace que me chamou muito a atenção. Ele dizia que durante todo o tempo que filmou as cenas no hospital (foram feitas antes das cenas de fantasia), ele fingiu ser um paraplégico para a equipe de gravação. Uma ideia do próprio diretor, que achava que o subterfúgio ajudaria a criar um laço entre Pace e Catinca. Ele inclusive era chamado de Roy o tempo inteiro, que era para que a menina estivesse mais familiarizada com a pessoa que ele estava representando e assim facilitasse a atuação dela.

Durante todo esse tempo, ela (e a maioria da equipe) acreditou piamente que ele não conseguia caminhar, e volta e meia levava agradinhos para ele, pois era difícil para o ator ir de um lugar a outro. E Tarsem achou por bem deixar a garota o mais a vontade possível para a gravação das cenas, o que levou Pace a improvisar muitas vezes de acordo com a forma como ela interagia com o seu personagem.

Eu achei a ideia fantástica, porque vemos em tela o resultado da naturalidade da menina. Eu não via uma criança atuando, eu via uma garota agindo exatamente como todas as garotas da idade dela que eu conheço. Até a decisão do diretor de usar uma criança romena que falava o inglês com dificuldade eu sou obrigada a aplaudir. Não há uma única cena em que Catinca não esteja totalmente à vontade e sua personagem Alexandria não pareça real.

O legal foi quando terminaram de filmar as cenas do hospital e Lee Pace finalmente se levantou na frente de toda a equipe. Todo mundo ficou em choque, alguns até passaram mal. Já Catinca, segundo Pace, reagiu exatamente como sua personagem no filme: virou o rosto e fingiu que aquele não era Roy, e sim outra pessoa ali em pé. E só depois de um bom tempo aceitou o fato de que ambos eram a mesma pessoa, e então se convenceu que foi devido ao seu grande amor por ele que Roy voltou a andar. Ninguém pode subestimar uma criança e as explicações que elas dão para as coisas da vida.

Quanto a mim, terminei o filme satisfeitíssima. Triste, talvez, porque a história não é exatamente feliz, em especial a medida que o fim se aproxima, mas ainda assim não poderia estar mais feliz por ter me dado a oportunidade de ver esse belo exemplar de arte.




5 comentários:

Anônimo disse...

Oi! Seu blog eu não conhecia muito bem, sou mais familiarizada do seu tumblr:)
Eu vi este filme sem saber de nada e achei ele tão diferente e lindo. Lee e a garota arrasam na interpretação. Eu chorei na cena que ela pensa que ele morreu.
Lee é muito lindo, me apaixonei por ele em Pushing Daisies.

Anônimo disse...

Poxa essa dupla arrasou até fortaleci o meu amor pelo Lee.kk
Nossa meus parabéns a esses dois anjos Lee e Catinca! (: <3

Eduardo Carvalho disse...

Michele, muito obrigado pela indicação de The Fall, sim, demorei para ver. Que filme lindo!

Mica disse...

Que bom que tenha gostado, Eduardo ^^. E você também Sara (e Anônimo ^^). Sempre fico feliz quando alguém gosta de alguma coisa tanto quanto eu gostei.

Joceli Reis disse...

Belíssimo!

Postar um comentário